terça-feira, dezembro 26, 2006

Feliz Saturnalias!

Mais um ano, mais um Natal. Mas o que é isso do Natal? Não me venham dizer que é comemoração do nascimento de Jesus porque isso é tanga! Se está na Bíblia que ele nasceu em Março!
Para as crianças de hoje em dia o Natal é quando um velho gordo vestido de vermelho distribui prendam num tornou voador puxado por renas. Ou seja um conceito tão credível como a possibilidade de deixar de existir corrupção em Portugal! Contudo, esta história é excelente para apontar duas realidades: antes de mais o facto das crianças acreditarem em tudo e por esse motivo todos lhes mentem. Hoje em dia é raro os adulto dizerem uma única coisa às crianças que seja verdade: começa na Fada dos Dentes e acaba na ocultação da realidade da morte. Tudo excelentes ingredientes para se crescer com uma patologia interessante.
A segunda realidade é que, no meio da mentira, são as crianças que entendem o verdadeiro significado do Natal: as prendas! Os putos lá se ralam que há 2 mil anos um tipo tenha nascido numa manjedoura! Eles querem é prendas! Admitam lá, nós só dizemos Natal porque “comemoração da glória do capitalismo” é muito grande! Assim como, só dizemos Pai Natal porque “Assalariado da Coca-Cola” não soa bem!
Calma que não estou a querer entrar em politiquices! Isto não é um discurso comunismo. Se bem que é curioso que o Pai Natal como um dos maiores símbolos do capitalismo seja tão virado para o marxismo. Se não vejamos: veste-se de vermelho; na Noite de Natal é ele que vai trabalhar, quando como dono de um império capitalista podia ficar à secretária só a gerir, e tem um barba tipo Karl Marx.
“O Pai Natal não foi criado pela Coca-Cola! Ele é o São Nicolau!” afirma alguns. O Pai Natal foi baseado, repito baseado, no São Nicolau. Ou acreditam que um arcebispo de Mira do século IV se vestia daquela maneira e tinha um trenó voador? Ele foi só um velho porreiro que distribuía prendas às crianças! E já agora fazia-o a 6 de Dezembro, não a 25.
Contudo, não quero dizer que haja nada de errado com o Natal da actualidade. O que é que podia haver de errado em haver uma data para distribuirmos prendas aos nossos entes queridos? Na verdade era isso que os romanos faziam.
Não sei se os tripulantes do barco dos Cortiçais naufragaram no Natal, mas estou certo que conheciam as comemorações da época. Não lhe chamavam Natal, davam-lhe o nome de Saturnalias. Eram um festival que, segundo se dizia, tinha como objectivo celebrar a igualdade que existira entre os homens quando o deus Saturno, expulso dos Céus por Júpiter, viera viver para a terra. Era um festival carnavalesco com raiz no culto da fertilidade relacionados com o Solístício de Inverno. Tinham lugar de 16 a 18 de Dezembro e era comum dar-se prendas e visitar-se os amigos chegados neste período.
Contudo para milhões de cristãos o Natal continuará a ser a data do nascimento de Cristo, um acontecimento que se tornou o umbigo do nosso modo de medir o tempo. Claro que isto não era assim à 2 mil anos atrás. Estou certo que os náufragos dos Cortiçais não dariam especial atenção ao ano zero da nossa Era. Não estou a ver um dos sobrevivente a contar a história do acidente a dizer: “Isto em 15 a.C., meu amigos”.
Tanto quanto sabemos o barco dos Cortiçais pode ter ido ao fundo no exacto mesmo dia do nascimento de Cristo.

Vitor Frazão

terça-feira, dezembro 19, 2006

Desafio!

No último post um palhaço, que vai permanecer anónimo (VITOR FRAZÃO!!!), andou a mandar “postas de pescada” sobre a AAÓ. Nesse excrementício pedaço de literatura. Entenda-se que uso a palavra “literatura” no sentido mais lato possível! Pois aquele aquele tem a mesma qualidade técnica dum rabisco pré-escolar num guardanapo sujo. O. K. excedi-me. Peço desculpa a todas as crianças pré-primárias. Espero que não se sintam incomodadas com a referência.
Seja como for nesse texto, indigno de uma porta de casa-de-banho, a AAÓ foi descrita como uma cambada engraçadinho com um gosto especial para o caos generalizado! A nossa resposta a isto é: muito obrigado. A sério estamos todos babados! Não é todos os dias que recebemos elogios destes!
Claro que nem todos os adjectivos usados para nos descrever foram simpáticos. Distorcidos? Somos sim senhor! Tristes? Temos os nossos momentos, como toda a gente. Idiotas? Com certeza, temos montes de ideias. Veneradores de uma boa “peixeirada”? Francamente, quem não o é? Agora chamar-nos patéticos, isso é que não!
Para já, a nosso ver, patéticos são aqueles que devoram paté. Ora nós não temos nenhuma obsessão compulsiva em comer algo que, sinceramente, ninguém tem a certeza do que é! Não me venham com histórias porque é a mais pura das verdades! Os patés são massas informes com sabores que se assemelham a certas comidas que, segundo nos dizem, fazem parte da sua composição. Só que nada nos garante que as embalagens indiquem a verdade. Convínhamos, o paté de sardinha não sabe a sardinha!
Pronto, vão dizer-me que isto é teoria da conspiração?! A seguir vão afirmar que o Homem foi à Lua, não? Quando aquilo não teve, sequer, uma actuação digna de um Óscar. É que nem os “efeitos especiais”!
Disse-se que divagações e protestos eram a secção da AAÓ. Pois bem, está na hora de sermos “presos por ter cão”. Têm-se falado aqui que blá-blá-blá… simpósio muito bom… não sei quê… arqueologia… yada, yada, yada … rota atlântica e não sei que mais. Fala-se e fala-se mas não se diz nada. Que raio! Com tanta conversa e ninguém ainda explicou o que é a rota atlântica!
Entenda-se que não estou a chamar ninguém de burro (Bem talvez uma certa pessoa… vocês sabes de quem estou a falar)! Afinal todos sabem que a rota atlântica é uma rota marítima no oceano Atlântico! A questão é que isto só está parcialmente certo… Este tema não aborda simplesmente a História dos barcos no Atlântico. Passarei a explicar.
Antes de mais este tema centra-se numa época muito específica: o tempo dos romanos. Porquê esta era? Não havia barcos no Atlântica antes? Claro que havia, assim como ainda há, porém estes barcos prendem-se com algo em particular: o abastecimento das tropas romana que combatia no Norte da Europa.
Tal como nas guerras da actualidade a principal preocupação dos romanos era o abastecimento. Não de produtos como pão e carne, isso arranjasse em qualquer lado. Por muito primitivo que fosse um povo consegue fazer pão, que raio! O abastecimento que fazemos referência é de efeito mais moralizador. Afinal, caraças, se os rapazes estão a gelar os traseiros a lutar na Germânia o mínimo que se pode fazer é dar-lhes vinho e azeite. Para trazer à memória locais mais aprazíveis e recordações da terra natal. É a mesma coisa que dar aos soldados americano (autênticos perdigueiros do petróleo) hambúrguer e Coca-colas. Garanto-vos que se cortassem os abastecimentos destes produtos eles amotinavam-se (uma dica para os terroristas de todo o mundo).
Apesar do famoso sistema de estradas romano a deslocação de bens era muito mais rápida, para não falar segura e barata, de barco. Acreditem se fossem legionário em campanha, quereriam que o álcool visse depressa!
A polémica circundante da rota atlântica prende-se com o facto de nem toda a gente concorda que ela foi usada. Há quem defenda que os romanos preferiam viajar pelos grandes rios europeus, em vez do temível Oceano Atlântico. Os defensores desta teoria acham que os romanos, habituados à calmaria (tipo banheira) do Mediterrâneo, viriam o Atlântico como uma espécie de Papão. Pessoalmente acho isto exagerado. O romano podiam ter hábitos muito “abichanados”, como misturar água no vinho, mas não era nenhuns “tenrinhos”.
É por isso que a questão suscita tanto debate e cada descoberta “atira mais achas para a fogueira”. Cada um das facções (normalmente coincidindo com os países por onde a respectivas rotas passavam) puxar a “brasa à sua sardinha” em batalhas épicas. Aí sim dão-se verdadeira “peixeiradas”, que só não chega a “porrada de meia-noite” porque não calha.
Lanço o desafio! Não da porrada… se bem que… o senhor Frazão merecia uns sopapos. Mas, seja como for, o meu desafio é outro. Desafio a que se comece a explicar as coisas às pessoas, em vez de mandar expressões como a rota atlântica e upwelling para o ar! Agora vejam lá! Não me comecem a pôr tratados científicos no blog! Ainda nos sujeitamos a ter pessoa adormecer ao computador! Se é para se ser apanhado no escritório sem trabalhar ao menos que seja a jogar solitário!

Do vosso amigo no caos, Presidente da AAÓ.

terça-feira, dezembro 12, 2006

Não à "peixeirada"!

Em resposta ao Presidente da Associação dos Amigos do Óscar só tenho uma coisa a dizer. É algo bastante simples, por isso acho que vai conseguir compreender, mesmo com as suas óbvias deficiências intelectuais. Na minha opinião o caro presidente da AAÓ (querendo caro dizer idiota) é… assim a modos que… como direi… patético! Só uma pessoa muito triste e distorcida é que ficaria contente com uma “peixeirada” num Simpósio!
É certo que todos ficamos admirados com o grau de civilidade que foi atingido (sei que já devo ter dito isto 100 vezes! Para verem o quanto aquilo me surpreendeu) porém qualquer pessoa ficaria contente em vez de deprimida! O. K., admito que uma discussão com pouco teor técnico é mais emocionante que um debate científico, sendo um excelente exercício para o músculo cardíaco (Juro-vos é melhor que jogging!).
Também concordo que ver grandes nomes da arqueologia portuguesa pegarem-se como varinas alfacinhas é sempre agradável. Perturbante, mas muito interessante. Diria que as discussões são o grande equalizador em Portugal. Do tipo mais rico ao "marmanjo" mais pobre todos discutem da mesma maneira: irracionalmente e com violenta troca de insultos!
Contudo, por muito entretenimento que “um pé-de-vento” pudesse gerar, só podemos ficar orgulhoso por isso não se ter passado naquele Simpósio. Em vez disso tivemos, para além de boas conferência, actividades interessantes. Como, por exemplo, o workshop de arqueologia experimental.
Pessoalmente não gosto da palavra workshop. Que raio, se estamos em Portugal devíamos falar português! Essa moda de usar palavras estrangeiras porque parece bem é extremamente enervante. Penalty, em vez de “grande penalidade”. Backup, em vez de “cópia de segurança”. Croissant, em vez de “crescente”. Claro que também não devemos fazer como os espanhóis que chama “Juanito Caminhante” ao Johnny Walker! Especialmente porque, regra geral, escolhemos traduções pavorosas. Já vi livros em que traduziam Cambridge por Cambrigida!
Os estrangeirismos são o reflexo da globalização. Hoje sai-se para ir comer um Hamburger com uma Coca-cola no Shopping, antigamente ia-se mesmo era "morfar" um prego no pão com uma mine no tasco. Isso é que era!
Mas calma, não vamos entrar em nacionalismos! Entenda-se que Portugal não pode viver isolado! Se, por exemplo, só vivêssemos do cinema nacional… digamos que era complicado. Sempre tem algumas coisas boas contudo… em percentagem muito reduzida.
Enfim não gosto da palavra workshop! Mas que posso fazer? Afinal foi o nome que deram à actividade. Para além de mais, convínhamos, que outra palavra é que se usaria? Traduzir? “Loja de trabalho” não tem grande sonoridade e não apanha o sentido da ideia que queremos transmitir. Podíamos chamar atelier, mas isso seria trocar um estrangeirismo por outro!
Deixemo-nos de divagações e protestos (essa é a secção da AAÓ) e falemos do workshop (por favor, se souberem dum palavra melhor avisem). Qual foi a experiência que ali decorreu? A criação de uma ânfora! Embora já tivessem sido feitas réplicas de ânforas esta era uma oportunidade de fazê-lo em frente dos especialistas. O objectivo era os arqueólogos fornecerem os seus conhecimentos, obtidos através de anos a estudar velhas ânforas, para auxiliar no fabrico dos contentores, recebendo, em troca, a possibilidade de confirmarem as teorias sobre a sua manufactura.
Uma pequena viagem no tempo na qual nem faltou o vestimenta, uma vez que o oleiro trazia vestida uma túnica romana. Felizmente que também vestia umas calças de ganga, para evitar que se visse a lua cheia em plena tarde Penichense. Como compreenderão a túnica, só por sim, seria demasiado reveladora. Como é evidente isso provocaria o tipo de caos tão apreciado pela AAÓ (especialmente a secção feminina).
Seja como for lá se foi fazendo a ânfora à medida que o presidente da Câmara de Peniche, com um ritmo de apresentador de talk shows, incitava os especialistas a dar a sua opinião.
Ora digam lá se isto não é mais interessante que uma simples "peixeirada"?

terça-feira, dezembro 05, 2006

Simpósio Sério


Que nome se dá a um conjunto de pessoas que, apesar de defenderem ideias semelhantes, discordam pelo simples prazer de discordar? Depende, se forem políticos, a ter esse comportamento, chamamos Assembleia Parlamentar. Se forem o senhor Zé e a dona Maria dizemos que é, simplesmente, um “pé-de-vento” ou “peixeirada”. Dado que nós, arqueólogos e aspirantes, estamos a meio caminho entre estas duas realidades, a essa actividade damos vários nomes: simpósio, congresso, reunião científica, etc.
Independentemente do nome que se lhe dê todos eles, da "peixeirada" à Assembleia Parlamentar, têm dois pontos em comum: teimosia obstinada e violenta troca de insultos. Isto falando em termos gerais! Felizmente que, volta e meia, esta discussões são conduzidas com civilidade. Claro que este milagre tem a mesma frequência do cometa Halley, de 75 em 75 anos. Visto que tive o privilégio de presenciar um destes fenómenos, não creio viver para ver outro. O mesmo se pode dizer de todos os que tiveram presentes no Simpósio: “A costa portuguesa no panorama da rota atlântica durante a época romana”, que decorreu nos dias 16 e 18 de Novembro no Auditório Municipal de Peniche. É verdade meu senhores este foi um Simpósio civilizado! Diria mais, estava-se ali numa saudável troca de ideia e exposição de trabalhos!
Embora tal comportamento só dignifique a profissão, também entristece alguns. Nomeadamente os membros da Associação dos Amigos do Óscar, a facção de contra-cultura dentro da GPES. Como presidente da AAÓ esperava ver, no Simpósio, uma monumental e apocalíptica confusão. Um arraial digno de fazer corar a mais brejeira das peixeiras da Nazaré! Porém não se passou nada disso! Está mal! Vai uma pessoa, cheia de boa fé, para ver um grau de belicismo capaz de assustar o mais endurecido lutador de wrestling (está bem que aquilo não passa de teatro, com um pouco menos de texto e mais bordoada) e nada!
AAÓ ainda tentou avacalhar a coisa mas foi infrutífero. Qual era o nosso plano? Nós queríamos pegar nas pequenas ânforas, que eram dadas à entrada, e colocar aquilo ao pescoço com vinho lá dentro. Assim cada vez que um conferencista fosse falar, nós levantávamo-nos e brindávamos. Até chegamos a fazer rolhas para as ânforas! Porém esquecemo-nos de um pequenino pormenor, por muito bem feitas que estivessem as reduzidas réplicas (e estavam muito bem feitas) faltava-lhe algo: isolamento. Aquilo, obviamente, não fora feito para levar líquidos, por isso não tinha sido impermeabilizado! Por esta razão, o que sucedeu foi que, uma vez cheias, as ânforas manchavam todo o que tocassem!
Rapidamente os voluntários à experiência foram demovidos. Quer fosse por não quererem apresentar-se diante dos outros arqueólogos com um pungente cheiro a vinho (o que não seria o melhor para a sua carreira), quer fosse por não desejarem arruinar uma peça de roupa, todos se recusaram a levar, no dia seguinte, as ânforas cheias!
Contudo não se pense que a AAÓ desistiu! Podíamos não levar o vinho mas, com mil raios (Eu sei é patético! Devia por aqui um palavrão como deve ser! Mas depois teria um batalhão de gente à perna!), levamos as ânforas! Lá estávamos nós, uma série de membros do Clã dos Cortiçais (muitos deles associados da AAÓ), com ânforas ao pescoço, como se fossemos alguma espécie de gang rapper de arqueólogos. Isto no dia em que a maior parte dos conferencistas falaram das cerâmicas no contexto da rota atlântica.
Seria de esperar que isso nos valesse alguma confusão, mas nada! Nem uma boca (o que, por vezes, basta para começar uma animada discussão) nem, sequer, um franzir de sobrolho. Ninguém fez escândalo! Digo-vos foi de partir o coração! Espero que este profissionalismo não venha a ser imitado nos próximos 75 anos.

Presidente da AAÓ (enfrascando-se num tasco, consumido pela desilusão).