O “Código DaVinci” em Peniche
Não, Dan Brown não veio a esta cidade piscatória portuguesa. Nem as Berlengas foram escolhidas para pano de fundo do seu próximo livro. Na verdade, nada há que ligue estes dois temas! Então porque raio é que eu coloquei este título? Será este só mais um esquema para vender banha da cobra (nunca entendi esta expressão e vocês?).
Bem é melhor explicar todo antes que o caro cibernauta se farte e saia do blog. Na realidade existe algo em comum entre o “Código DaVinci” e a cidade de Peniche: em ambos existem segredos escondidos à vista de todos.
Mesmo que não tenham lido o livro já ouviram falar que nele existe um Código, colocado nas obras de arte do mestre italiano, no qual se revela que Jesus era casado e tinha um gaiato. Não vou entrar nessas polémicas, pois a vida de Jesus não vem para o caso. O que quero focar é a ideia de, que em peças conhecidas por todo o mundo e observadas há séculos, estar algo escondido à vista de todos.
Pensarão: “Mas aquilo é um livro, pá! Não é para ser levado a sério!” Tá certo! Mas independentemente da importância que dermos ao livro, a ideia de algo escondido à vista de todos mantém-se e é quotidiana. Afinal quantos de nós não convivemos com uma pessoa diariamente sem prestarmos atenção até que um dia ela ou ele usa uma peça de roupa diferente e zás, passamos a observar essa pessoa sobre toda uma nova perspectiva? Exemplos deste género de situações são infinitos. É precisamente aqui que o Código DaVinci e Peniche se cruzam.
Uma pessoa pode estar sentada na melhor marisqueira de Peniche (que seria mencionada se “pinga-se” um patrocíniozinho a uns pobres arqueólogos subaquáticos) a olhar calmamente para a pequena enseada em frente e não fazer a mais pequena ideia do que ela guarda. Não me refiro à bela fauna de peixes, crustáceos e moluscos (cujos parentes o observador estará a devorar na dita marisqueira), que fazem as delícias dos caçadores-submarinos. Esta enseada, na qual as crianças brincam alegremente, possui vestígios do passado distante. Vestígios de um naufrágio.
Muitos dos que já mergulharem no local dirão: “Gaita, estou farto de mergulhar lá e nunca vi nenhum barco!” Calma, antes de mais, eu nunca afirmei que estava lá um barco. Disse que estavam vestígios de um naufrágio. Isto não é como nos filmes americanos em que os barcos se afundam na vertical e que 300 anos depois ainda tem mastro e velas no sítio!
Ali só temos cerâmica! Nem sequer peças bonitas! Bonitas? Que raio, eu já me contentava com peças inteiras, mas nem isso! Na verdade o que encontramos foram fragmentos de ânforas Haltern70, que basicamente é uma “bilha” para o transporte de vinho no tempo dos romanos.
Alguns perguntaram: “Se não hà barco, nem tesouro, nem sequer peças inteiras, qual é o interesse disso?” Bem, para já todos sabem que o pessoal de arqueologia se péla por coisas velhas (e não o fazemos só para chatear os empreiteiros, como se diz por aí). Depois este é o primeiro sítio em Portugal onde se pensa ter encontrado o naufrágio de um barco romano! Mesmo ali em Peniche! O que tem lógica, pois toda a gente sabe que aquele mar está semeado de naufrágios! Ora este barco em particular ajuda-nos a saber mais sobre uma série de assuntos para os quais tínhamos perguntas.
Mas quando é que naufragou? Porquê? Quando? De onde é que vinha? Para onde é que ia? Como é que foi encontrado? Quem é que está a trabalhar nele? O que esperam apreender com o seu estudo? É este o tipo de perguntas que vou tentar responder neste blog, à medida que dou a conhecer este património do povo de Peniche e do povo Português.
Afinal, Jesus até tem muito a ver com isto, é que as cerâmicas encontradas nos Cortiçais, parecem ser do período em que ele nasceu (15 a.c. – 15 d.c.).
Vitor Frazão, digníssimo associado do GEPS e “incansável” membro da equipa dos Cortiçais.
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